A abertura da temporada oficial de Ópera, no Teatro Municipal de Niterói de 1967 marcou mais um passo para o atendimento de todos gostos do público niteroiense que, segundo o seu diretor aprecia tanto a ópera como o musicado, o drama ou a comédia. O Teatro João Caetano, tem como uma maiores glórias a apresentação da primeira companhia teatral brasileira, em 1833, quando ainda se chamava Theatro Praia Grande, que sucedeu à Sociedade do Theatrinho, a primeira casa de espetáculos do gênero da então Villa Real de Praia Grande, instalada em 1827.

O TMJC surgiu do esforço do ator João Caetano dos Santos, que viera desde cedo para Niterói, onde conseguiu reformar e dar nova denominação à sociedade do Theatrinho, obtendo, ainda, autorização do presidente da Província do Rio de Janeiro, Paulino José Soares de Souza, o Visconde de Uruguai, em 1839, para construir um Theatro Provincial, ocasião em que o então "Theatro Nictheroisense" passou a funcionar de forma mais assídua, sendo vendido, no ano seguinte, a Joaquim Antonio Ferreira, e comprado, pouco depois, pela Sociedade Philodramática.

RETOMADA

João Caetano, que ja havia perdido o Nictheroyense, conseguiu reavê-lo em 11 de maio de 1842, com o decreto 273, que renovava a autorização de 1939. Após uma grande reforma e ampliação, inaugurou-o a 25 de dezembro de 1842, com a denominação de Theatro Provincial Santa Thereza. Reconstruído por Felício Tati, foi reinaugurado em 1884 e depois comprado em hasta pública pela Câmara Municipal pela quantia: de 45.000$00. Renomeado Municipal João Caetano em 1900, foi, após outra uma grande reforma, reaberto em 1904, na administração do prefeito Paulo Alves.

Desde então, o Teatro João Caetano sofreu varias reformas, sendo as mais importantes as realizadas nas administrações dos prefeitos Eneas de Castro, Gustavo Lyra e Alberto Fortes. Em 1965, o prefeito Emilio Abunahman determinou novas e custosas obras de recuperação do TMJC, que duraram até 1966 quando, a 2 de maio, for reaberto com a encenação da peça "Mulher Zero Quilômetro, de Edgar G. Alves".

PITORESCO

Foi o cronista Arthur Azevedo quem relatou, em uma das suas crônicas do jornal A Notícia, em 1904, a seguinte curiosidade sobre João Caetano: "João Caetano, que estava no apogeu da fama e do talento, sendo empresário do Teatro São Pedro, da então vizinha capital, obteve uma subvenção dos cofres provinciais para dar um espetáculo por semana em Niterói.

Toda a sua companhia vinha do Rio, inclusive os músicos, transportada numa falua especial que João Caetano tinha à sua disposição. O grande ator, entretanto, não era fiel observador do contrato que o prendia a Niterói. Pressionado pelas autoridades, e para não perder o direito à subvenção foi obrigado, certa ocasião, a levar à cena uma peça num dia de tremendo temporal.

Apesar da chuva, toda a companhia atravessou a baía de Guanabara não faltando um único elemento. Em Niterói, o tempo estava ainda pior e a peça foi representada para um espectador somente. Em meio à representação, João Caetano perguntou ao solitário assistente se não se importava que parasse a encenação. E o espectador não vacilou em responder: "Pode, estou aqui apenas me resguardando da chuva".

TEM DE TUDO

O diretor do TMJC disse que, além de aquela casa de espetáculos ter a primazia de ser a que serviu a luta pela nacionalização do Teatro, conta ainda com outros louros, como sejam os de apresentação dos principais atores teatrais em seu palco, em mais de um século de existência. E até hoje o TMJC continua apresentando de tudo, ópera, comédia, musicados e ate rebolados, para atender ao gosto variado do público niteroiense. Agora, estamos no ciclo de temporada oficial de óperas o que não impedirá, que uma comédia seja entremeada na próxima segunda-feira.

Publicado em "O Fluminense" em 19 de novembro de 1967


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Publicado em 17/07/2021

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