Com muito pesar, a Fundação de Arte de Niterói comunica a morte do jornalista Luiz Antonio Mello aos 70 anos, em Niterói, vítima de uma parada cardíaca. Ele estava internado no Hospital Icaraí se recuperando de uma pancreatite.

Conhecido como LAM, ajudou a revelar grandes nomes da música e do jornalismo e deixou a sua marca com a histórica Rádio "Maldita". Em 1989 assumiu a presidência da Fundação Niteroiense de Arte (Funiarte), hoje FAN, onde ficou até 1997.

Formado em Comunicação Social, jornalista, escritor e produtor musical, o carioca LAM era um apaixonado por Niterói, por rock e por jornalismo. Nascido a 12 de fevereiro de 1955, teve seu primeiro contato com a música com 'Help', dos Beatles, e logo em seguida fundou uma banda chamada "Os Imortais", onde tocava baixo. Começou a carreira no jornalismo em 1971, no Jornal de Icaraí e no ano seguinte, foi para a Federal, uma rádio de rock localizada na rua da Conceição, em Niterói. Nos primeiros anos de carreira, passou ainda pela Rádio Tupi, Rádio Jornal do Brasil e Jornal Última Hora.

Até que em 1981, ao lado de Samuel Wainer Filho, foi o cérebro do projeto da Rádio Fluminense FM. A rádio revelou grandes nomes na música, especialmente a geração 1980 do rock nacional e grandes profissionais da imprensa. Foi um marco na história da comunicação do país, ajudando a lançar no mercado nacional, nomes como Blitz, Os Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho, Kid Abelha, Celso Blues Boy, Legião Urbana e tantos outros.

No ano seguinte, a “Maldita” - como foi apelidada - estreou e fez história tanto por sua programação como, também, por ser a primeira emissora a contar somente com mulheres na locução.

“Já que íamos tocar bandas de som pesado, íamos falar com voz suave, para compensar. Além disso, não havia nenhuma rádio com vozes femininas. Era um machismo enorme. Fizemos um concurso para locutoras, e mais de 300 mulheres se candidataram. A estreia foi na madrugada de 1º de março de 1982 e estávamos eu, Sérgio Vasconcellos e Amaury Santos. Nos abraçamos e dissemos ‘Fluminense FM Maldita!’. Não sabíamos, mas estávamos carimbando o apelido, já que ela era maldita por tocar o que era considerado maldito pelo mercado.”



Em 1985 deixou a Fluminense para inaugurar a Globo FM. De 1985 a 1990 foi consultor de marketing avançado do departamento internacional da gravadora Polygram, responsável pelas campanhas de lançamento de álbuns do Dire Straits, Tears for Fears, Jimi Hendrix, Supertramp, Janet Jackson, Eric Clapton e outros tantos artistas. Foi responsável pelo lançamento da gravadora Windham Hill Records no Brasil (label norte-americano líder mundial em new age music) e do projeto Música dos Anos 1990 da Warner Music. Em 1986 foi para a Rede Manchete, onde atuou como diretor do Domingo Especial e redator-chefe do programa Shock, dirigindo aproximadamente 200 musicais internacionais para a emissora.

Como produtor musical, trabalhou nos discos de Celso Blues Boy (Som Na Guitarra) e de Antônio Quintella (Araribóia Blues, Os Intocáveis), coletâneas do The Who, Jimi Hendrix e na série On The Road, entre outros.

Em 1989, na primeira gestão do prefeito Jorge Roberto Silveira, assumiu a presidência da Funiarte (Fundação Niteroiense de Arte), onde ficou até 1997. Em sua gestão foram criados o selo Niterói Discos, o periódico 'Verbo e Imagem' e a Companhia de Ballet de Niterói. Em 1992 tiveram início as obras de restauração do Theatro Municipal João Caetano, reinaugurado em 1995, e as obras de construção do Museu de Arte Contemporânea (Mac Niterói), inaugurado em 1996. Nesse ano foi realizado, também, o Encontro com Cuba. No ano seguinte, 1993, foi inaugurada a Sala Carlos Couto e foi criada a Niterói Livros.

"Eu acho que a Funiarte foi uma oportunidade que eu tive de jogar toda a emoção e transformá-la em coisas concretas, quer dizer, não deixar só no terreno dos projetos e das ideias, você poder concretizá-las. A gestão pública também é uma coisa que eu gosto muito. Estou falando da gestão mesmo, de ficar mexendo diretamente com a cultura primária. É uma coisa que me fez muito bem e que me faz até hoje porque volta e meia eu sou lembrado em algum lugar e eu acho que foi muito bacana. Só tenho boas recordações, especialmente do apoio que tive do Claudio Valério Teixeira e do Ítalo Campofiorito, pessoas sem as quais eu não teria feito nada."



Da Funiarte foi presidir a Neltur (Niterói Empresa de Lazer e Turismo); em 2011, assumiu a direção geral do Theatro Municipal de Niterói, onde permaneceu até 2012.

Foi colunista ainda dos jornais 'O Pasquim', 'Jornal do Brasil', 'O Estado de S. Paulo', 'Jornal Opinião' e 'Folha de Niterói' e desde 2021, era editor do jornal 'A Tribuna'.

Em 2005 fez parte da equipe que fundou a BandNews FM, sucursal Rio de Janeiro e onde era colunista até hoje. Além disso criou a rádio online Rádio LAM. Escreveu ainda os livros "Nichteroy, Essa Doida Balzaka" (1988), "A Onda Maldita" (1992), "Torpedos de Itaipu" (1995), "Manual de sobrevivência na selva do jornalismo" (1996), "Jornalismo na Prática" (2006) e "5 e 15, Romance Atonal Beta" (2006).





Sua história e da "Maldita" estão no filme "Aumenta que é Rock'n Roll". Dirigido por Tomás Portella, o filme retrata o surgimento da primeira rádio de rock brasileira, que foi um marco na década de 1980. O longa acompanha a trajetória de Luiz Antônio (Johnny Massaro) e seus colegas, que criaram a rádio em Niterói e revolucionaram a programação musical no país.


Tags:






Publicado em 30/04/2025

Antonio Parreiras (1860-1937) Leia mais ...
Pinto Bandeira (1863-1896) Leia mais ...
Ítalo Campofiorito (1933-2020) Leia mais ...
Anna Letycia Quadros (1929-2018) Leia mais ...
Aldo Luiz de Paula Fonseca Leia mais ...
Carlos Ruas História
K. Lixto (1877-1957) ENCERRADA
João Caetano dos Santos Leia mais ...
Abelardo Zaluar em debate Leia mais ...